quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ford Mustang - Parte 2


Entre 1961 e 1963 a Ford queria aproveitar a grande repercussão positiva causada pelo conceito Mustang I (leia no primeiro post da série) para lançar sua versão definitiva. Em 1962, após diversas tentativas fracassadas de um modelo rentável baseado nesse conceito, o chefe do projeto, Lee Iacocca, encomendou para cada uma das 3 equipes de designers, engenheiros e publicitários da montadora um novo protótipo.

Protótipo Mustang I.

Esse protótipo deveria pesar menos de 1200 kg, ser compacto (comprimento próximo a 4,5 metros), acomodar 4 ocupantes e utilizar o máximo possível de peças do Ford Falcon, para chegar ao mercado por até US$2.500,00. O desenho precisava transmitir esportividade, com identidade própria, diferente, revolucionária.

Ford Falcon...
...modelo base para o Mustang.
 
                Em apenas duas semanas, os 3 estúdios criaram 7 maquetes em tamanho real, que foram apresentadas aos executivos da marca. Os projetos traziam inspiração no Lincoln Continental Mark dos anos 50, evidenciada pelo grande capô e pela traseira curta.

Continental Mark...
...inspiração para outros modelos da Ford.

A equipe do Estúdio Ford, chefiada por John Oros, apresentou um modelo todo branco, que se destacava dos demais e foi definido por Iacocca da seguinte maneira: “Foi o único que parecia estar se movendo”. Curiosamente o protótipo foi finalizado apenas 3 dias antes da apresentação, após Oros rejeitar o projeto anterior.O Ford Mustang que ganharia as ruas em 1964 trazia praticamente o mesmo desenho dessa maquete vencedora, com apenas algumas modificações nos pára-choques, nos faróis e no pára-brisa.

Alguns conceitos como esse Cougar disputavam com...
...o projeto da Lincoln-Mercury e...
...o Allegro I a preferência dos executivos da montadora.
Outro imagem do Allegro.
O sucessor Allegro II....
...também entrou na disputa...
...mas não obteve sucesso.

                Aos engenheiros coube a tarefa de adaptar a nova carroceria à plataforma (chassi, transmissão e suspensão) do Ford Falcon e do Ford Fairlane, lançado naquele ano. O comprimento do Mustang II ganhou 10 cm, para se alinhar ao Falcon que seria lançado em 1964, já o entre-eixos era ligeiramente menor que seu “irmão” (2,74 m), sem comprometer o espaço para 4 ocupantes.  Ao contrário da maioria dos Falcon equipados com motores 6 cilindros, a equipe de Oros foi esperta e deixou um espaço sob o capô suficiente para abrigar os V8, que equipavam o Fairlane e as versões mais caras do Falcon.

Esboço do projeto Mustang II.
O projeto vencedor...
...criado pelo Estúdio Ford.
  
No início do projeto, o desenho da carroceria seria apenas coupé (parecido com um sedã, mas com duas portas e coluna “C” inclinada) conversível ou no estilo hardtop, que se caracteriza por possuir um teto fixo com desenho semelhante ao dos tetos dos conversíveis com a capota em uso. Porém, o design que marcaria a história do Mustang veio com o estilo fastback, carroceria de dois volumes e meio em que o vidro traseiro é fixo e com caimento suave e metade do porta-malas ocupa o interior da cabine. Essa última configuração deu a nova aposta da Ford um aspecto esportivo, como queriam os jovens americanos.

Versão com a histórica carroceria fastback.
Versão de teto rígido com aspecto de conversível...
...conhecida como hardtop.
Versão conversível de teto rígido removível.

                Chegou-se a cogitar o nome Cougar, aparecendo inclusive o logo de um felino na grade de alguns protótipos, e o de outros cavalos americanos, como Maverick e Colt, mas prevaleceu o nome Mustang, defendido por Lee Iacocca e outros membros da equipe desde o início do projeto em 1960. A escolha foi perfeita, pois traduzia o espírito de liberdade que a Ford queria transmitir. Do Mustang I veio também a inspiração para o emblema do “cavalo galopante”, de Waino Kangas, e para o logotipo tricolor (cores da bandeira norte-americana), criado por John Najjar.

Conceito com o logo de um gato.
O desenho do "cavalo galopante" na grade frontal e...
...na lateral com as cores da bandeira dos EUA.

O Mustang II, com teto rígido removível e que segundo a montadora seria apenas um protótipo, surgiu em outubro de 1963 novamente no circuito de Watkins Glen, assim como o Mustang I. O novo modelo trazia características que marcam o muscle car até hoje: motor V8 (no caso um 4,7 litros com 270 cv de potência), vincos e entradas de ar laterais, lanternas traseiras de três filetes e o clássico cavalo estilizado no centro da grade dianteira.


Após essa exibição, todos aguardavam a versão definitiva do Mustang, mas a montadora segurou o promissor projeto para que não ocorressem falhas como no Ford Edsel, que amargou grandes prejuízos à marca. Para evitar um novo fracasso, a idéia da Ford foi oferecer diferentes opções aos compradores, com muitas variações nos equipamentos, no desempenho e no acabamento.
                 

Aproveitando esse “boom”, a imprensa foi convocada para uma conferência em janeiro de 1964 em Dearborn, sede da Ford. Lee Iacocca recebeu com entusiasmo os visitantes, com duas célebres frases: “Francamente, mal podemos esperar para você estar atrás do volante de um Mustang" e "Imaginamos você em uma experiência de direção como nunca teve antes”. A confiança de Iacocca traduzia a esperança depositada pela marca no sucesso do seu novo carro, que mudaria para sempre a história dos carros norte-americanos.

Seis fotos do conceito Mustang II guardado em museus.
E a triste cena de um exempla à venda, mas detonado.

Por fim quatro vídeos com anúncios de 1964 em que a Ford prepara o público para ver a versão final do Mustang, que aparecerá no próximo post da série aqui no blog.



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